domingo, 24 de junho de 2007

"Amor é o que se aprende no limite...

depois de se arquivar toda a ciência
herdada, ouvida. Amor começa tarde”
(Carlos Drummond de Andrade)


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Alguns textos rodam, rodam e rodam pela nossa caixa de e-mails. É um vai e vem sem fim. Outros rodam pelas caixas de e-mails e também por muitos sites! Abrimos uma página e pronto! Lá está ele, aquele, novamente.

Penso que isso acontece porque são textos queridos por muitos. Ah, claro que existem os modismos, não falo desses, mas sim daqueles que falam o que gostaríamos de ouvir ou dizer. Textos que nos fazem absoluto sentido.

Hoje não vou fugir a isso, deu vontade! Vou colocar aqui um deles - dos viajados, lidos, encaminhados, deletados... guardados!

Na eterna dança do déjà vu na telinha...
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AMOR MADURO
Artur da Távola

O amor maduro não é menor em intensidade. Ele é apenas silencioso. Não é menor em extensão. É mais definido colorido e poetizado. Não carece de demonstrações: presenteia com a verdade do sentimento.

Não precisa de presenças exigidas: amplia-se com as ausências significantes. O amor maduro tem e quer problemas, sim, como tudo. Mas vive dos problemas da felicidade. Problemas da felicidade são formas trabalhosas de construir o bem, o prazer. Problemas da infelicidade não interessam ao amor maduro. Na felicidade está o encontro de peles, o ficar com o gosto da boca e do cheiro do outro - está a compreensão antecipada, a adivinhação, o presente de valor interior, a emoção vivida em conjunto, os discursos silenciosos da percepção, o prazer de conviver, o equilíbrio de carne e de espírito.

O amor maduro é a valorização do melhor do outro e a relação com a parte salva de cada pessoa. Ele vive do que não morreu, mesmo tendo ficado para depois, vive do que fermentou criando dimensões novas para sentimentos antigos, jardins abandonados, cheios de sementes.

Ele não pede, tem. a

Não reivindica, consegue. a

Não percebe, recebe a

Não exige, oferece. a
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Não pergunta, adivinha. a

Existe, para fazer feliz. a

O amor maduro cresce na verdade e se esconde a cada auto-ilusão, basta-se com o todo do pouco. Não precisa e nem quer nada do muito. Está relacionado com a vida e por isso mesmo é incompleto, por isso é pleno em cada ninharia por ele transformada em paraíso. É feito de compreensão, música e mistério. É a forma sublime de ser adulto e a forma adulta de ser sublime e criança.

É o sol de outono: nítido, mas doce. a

Luminoso, sem ofuscar. a

Suave, mas definido. a

Discreto, mas certo. a

O Amor Maduro pode ser isso... e muito mais! Entre o espaço dos adultos, adolescentes e crianças, caminhos já trilhados, ele tem a liberdade poética da escolha - do que de bom ele tem para usufruir e oferecer ;)
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