segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

Plug and Play

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Engraçado como, vez ou outra, damos de cara com a diferença que o banal faz no nosso cotidiano. É que às vezes nos acostumamos tanto ao óbvio que ele perde a sua importância! Então, falando do óbvio: em tempos de internet, celulares, telefones dos “Jetsons” (imagem e voz, lembra?) e muito mais... pessoas que não conhecemos e que nem teríamos como conhecer, ganham, surpreendentemente, forma e espaço. Assim como seus sentimentos, pensamentos, desejos e o que mais queiram expor, conscientemente ou não. Temos respostas rápidas, chats em tempo real, a cores e quase ao vivo... sem falar que mandamos um e-mail – a famosa cartinha - aqui e dali já vem a resposta imediata.

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Ai vai um pedacinho de uma música da qual não me lembro o nome e nem quem canta, você sabe?

- Claro! Como você não conhece essa música?
(e me deixa esperando no maior suspense para saber o nome da bendita música, mas o bom é que a música vem junto – yeah!)

Antigamente, e nem tão antigamente assim, a correspondência mais rápida era o telegrama. Telefone era o único meio de se conversar em tempo real... e sem imagem!

Esse óbvio ululante bateu hoje enquanto eu visitava alguns blogs. Acabei me distraindo entre muitas frases que, de cara, faziam todo sentido! Algumas nem tanto e outras que se tornavam interessantes justamente pelos comentários que provocaram. É a tal troca de perspectivas que movimentam as idéias.

Ah! E as mensagens subliminares nos comentários? Essas são criativas, às vezes previsíveis, ingênuas, inteligentes e outras otimistas demais... Adoro essa parte sutil que passa escorregando pelo monitor ;)

Não pude deixar de observar o ressentimento que muitas pessoas têm de relacionamentos frustrados (não só os amorosos) na internet, mas sobre isso vou escrever num outro momento. Penso que o que vale - tanto no real como no virtual - é o quanto você idealiza o outro, o sobrecarrega com suas fantasias/expectativas e o quanto você suporta amar e ser amado. Claro que nesse contexto está incluida a carência de cada um. Se alguém se sente enganado pelo outro, seria interessante se perguntar se isso não foi o que se quis comprar, a mentira velada que sufoca a verdade dolorida, e se, de alguma forma, não era isso que o preenchia naquele momento. Amigos e amores decepcionantes ou felizes têm seu lugar e os que não nos servem mais - plim - vão para a lixeira. Ah, e não vamos nos esquecer de dar um “delete” e esvazia-la! Uma contundente verdade, embora eu não goste de verdades absolutas, é aquela do velhinho que sabia das coisas: o oposto do amor não é o ódio, mas sim a indiferença - Freud.

Eu não posso me queixar, também tive alguns enganos e desenganos, mas conheci meu grande parceiro de vida (e de todos os momentos) nessa loucura de internet justamente quando eu já estava me afastando dela. Lidamos com nossos “senões”, expectativas e receios. Aproveitamos o espaço virtual para uma proximidade, um conhecimento maior, e isso só aconteceu porque houve interesse real e espontâneo de ambas as partes! Sim, de ambas as partes. Pergunto: seria mesmo o virtual que separa - ou une - as pessoas? Não será o virtual um meio como outro qualquer, guardadas as devidas proporções, que está ali para o uso que dele se deseja fazer?

Existem situações que são como papéis que rolam na ventania e outras que são, precisamente, como aqueles papéis que são páginas de um livro. A vida vai nos ensinando a diferencia-las.

Enfim, é fascinante esse mundo “Plug and Play” e eu gostaria de divagar muito mais sobre ele, mas... o timer do forno me avisa que se eu não quiser ver meu bolo queimado tenho que correr! Nesse momento, esse é o real que me chama, tão real que estou até sentindo o cheirinho de laranja!
;)